Painelistas incentivam produtores a ampliar exportações de arroz


Durante o painel Exportação de arroz: futuro x necessidade, realizado ao final da tarde desta terça-feira, 14 de fevereiro, na 33ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, os convidados convergiram suas opiniões a respeito da necessidade do arrozeiro brasileiro dedicar-se ao mercado internacional. Mesmo com a possibilidade de enfrentamento de crises decorrentes da flutuação do dólar, Juandres Antunes e José Maria Gomez só apresentaram números favoráveis à opção.

Juandres Antunes, do Grupo Moraes, de Jaguarão (RS), iniciou sua participação parabenizando os  arrozeiros, “que exportaram a sua cota e fizeram a diferença para a rentabilidade do setor”. Ele destacou as relações comerciais com o México, responsáveis pela exportação de 48% total de arroz base casca enviado para fora do Brasil. “Esta abertura fez diferença para nosso mercado”, salientou.

Contudo, o painelista fez questão de chamar a atenção dos produtores. “Nosso arroz não é só preço. É qualidade. Tem alto valor agregado. Vamos falar das coisas positivas”, destacou. Antunes ainda disse que os arrozeiros são altamente sustentáveis e que é preciso bater nesta tecla. Ele finalizou sua fala dizendo que quanto mais  se exportar, maior será o estoque de passagem para 2024. “Exportar é preciso. Duas Safras é preciso. Rotatividade é preciso”, concluiu.

Na mesma linha, o uruguaio Jose Maria Gomez, da Trader Viterra, abriu sua fala no painel questionando aos presentes: “É possível mudar a cultura para que o produtor não fique só olhando o mercado interno e ver que há algo fora da fronteira que é a exportação?”.  Na sequência, apresentou dados sobre a área plantada. “Sempre ouvi que sumiu o arroz e todos foram para a soja, Só que em 23 anos, a área plantada no Brasil caiu pela metade e a produção não”, argumentou. Gomez considera que o arrozeiro evoluiu ao longo deste tempo, que a genética e as variedades do arroz melhoraram, assim como o jeito de trabalhar . “As áreas ineficientes saíram do negócio e quem ficou é mais eficiente em fazer o serviço”, explicou.

O especialista iniciou nova provocação à plateia ao dizer que cabe ao produtor tirar da cabeça o que chamou de “cota de sacrifício” porque exportar melhora do preço do arroz base casca. “No segundo semestre, a demanda vai bater na porta e quero saber quem vai abrir. Eu gostaria que a porta fosse aberta no Brasil”, afirmou, em tom de desafio.

Ao garantir que o produtor que planta arroz é quem alimenta o Brasil mas tem condições de alimentar o mundo, Jose Maria Gomez salientou que o negócio arrozeiro no país tem liquidez. “A oferta excede a demanda e esta é a oportunidade que os arrozeiros têm”, garantiu. Contudo, apresentou pontos em que é preciso ainda melhorar, como questões que envolvem a logística e a necessidade de entender a qualidade do mercado de destino. Como ameaças ao negócio, Gomez listou a volatilidade cambial e intervenção estatal. “Não podemos controlar a volatilidade cambial, mas podemos tomar ações proativas para estar no mercado, independente de que possamos sofrer em algum momento”, aconselhou.

A 33º Abertura Oficial da Colheita de Arroz e Grãos em Terras Baixas é uma realização da Federarroz, com a correalização da Embrapa e Senar/RS e patrocínio Premium do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Irga.

Foto: Paulo Rossi/Divulgação
Texto: Ieda Risco/AgroEffective

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